Nave Atlantis aposentada depois de 26 anos de serviço
Por Marcos Roberto Palhares
O ônibus espacial Atlantis orbiter foi desligado pela última vez na quinta-feira, dia 22 dezembro de 2011, após 26 anos desde sua primeira missão. Com sua aposentadoria, a nave espacial mundialmente famosa, pelo menos, irá manter-se no Centro Espacial Kennedy (KSC) para possivel visitação.
A quarta nave operacional da frota de onibus espaciais da NASA, Atlantis, começou sua construção em 29 de janeiro de 1979, quando a NASA recebeu o contrato para construir o OV-104 (Veículo Orbital 104) pela Rockwell International.
A primeira missão do Atlantis foi a STS-51J, cujo lançamento ocorreu em 03 de outubro de 1985. O departamento de Defesa (DOD) envolveu-a na implantação de uma carga secreta em orbita, e retornou a Terra em Edwards Air Force Base, na Califórnia, em 07 de outubro daquele ano.
Sua última missão foi a STS-135, a qual estive lá e pude acompanhar seu último lançamento de perto. Eu e mais 2mil pessoas que tiveram a honra de prestigiar o evento de dentro de um dos complexos da NASA. O momento do lançamento foi o mais impressionante: por todos os Estados Unidos, o ar inconsolável que se abateu sobre o inabálavel orgulho norte-americano, transformou-se em lágrimas de saudade que não poderão ser esquecidas por muito tempo.
Naquele dia chuvoso, repleto de lentes fotográficas, todos queriam dizer seu adeus especial a aquela máquina fabulosa. Com o sucesso daquele lançamento, fechou-se com chave de ouro um programa inovador e de grande sucesso na história das viagens espaciais. Uma pena, que seja necessário a regressão aos tradicionais lançamentos por foguetes derivados dos anos 60 e 70.
O projeto dos onibus espaciais norte-americanos era extremamente caro, em um mundo onde a economia se transformou na nova arma do futuro: o advento da globalização, as brigas por novos mercados, por administrações mais eficientes, pelo controle das contas públicas, pelos impostos mais baixos, pelas opiniões nas redes sociais, pelos indices de satisfação do governo e pelo controle dos juros e da inflação.
Não há mais espaço ao desperdício. A crise americana fez tomar esta e outras decisões drásticas que se por um lado fechou indefinidamente os programas dos onibus espaciais, fez surgir novas demandas para o caminho espacial na iniciativa privada. O turismo espacial que está hoje nascendo, pode ter tido seu catalizador no fim dos onibus espaciais, e assim como tudo que se fez brotar da indústria bélica converteu-se de algum modo para instrumentos na área doméstica.
O resultado de grandes crises sempre trouxeram inúmeras vantagens para o mundo. É como um darwinismo da indústria de ponta, que se adapta para o mercado comum, e desta forma, evolui.
Assim, completada a útima missão dos onibus espaciais, em um galpão da KSC – Kenedy Space Center, um evento foi finalizado pelos engenheiros presentes, altamente emocional diga-se de passagem, com o veiculo Atlantis com suas telas iluminadas, para depois ser desligado e nunca mais ser acesa novamente.